— Ei, você se esqueceu do principal — atalhou Roberto: — e que encham a mansão dos Mendoza de filhos.
— Quantos? — perguntou Beatriz. — Preciso saber antes de brindar.
— Isso é algo que discutiremos depois, Betty, em particular — Armando respondeu.
— Não é bem assim — Roberto insistiu. — Foi o desejo de ter netos que me fez tentar aproximá-los.
— Ora, ora... — comentou Júlia, do outro lado da sala. — Mas não se esqueça de que fui eu quem pôs fim ao impasse.
— E se não fosse a minha visita — completou Mário, requisitando para si parte da glória —, muita coisa não teria acontecido.
A discussão, no entanto, foi interrompida com o anúncio de Inezita:
— O jantar está servido. Venham logo ou levo tudo de volta para a cozinha.
Armando aproximou-se da cozinheira e abraçou-a com força:
— Eu sei por que você está tão mal-humorada: ficou com ciúme por eu tê-la trocado por outra.
— Claro que não, seu insolente! Há anos que venho tentando abrir-lhe os olhos para a verdade, mas você estava tão preocupado em bancar o conquistador que não enxergava um palmo à frente do nariz. E venha logo jantar, pois tenho minha casa e meu marido para cuidar.
Armando sorriu e brincou:
— Você me deu uma boa ideia. Acho que vou pedir uns conselhos para Rafael antes de me casar.
Inezita fuzilou-o com o olhar e advertiu:
— Vocês têm cinco minutos para começarem a se servir, ou levo os pratos embora.
A comida estava divina, como sempre. Inezita se esmerava nessas ocasiões especiais e a cada festa os surpreendia com receitas novas.
Absolutamente satisfeita, Beatriz pousou o guardanapo ao lado do prato e comentou:
— Armando, acho que você ainda não sabe, mas sou uma péssima cozinheira. Acho que vou ter de tomar umas aulas com Inezita antes que ela se aposente. — E, voltando-se para a cozinheira: — Obrigada, querida, estava delicioso o jantar.
— Pena que nem todos pensem assim... — Inezita respondeu, lançando um olhar hostil a Júlia. — Tenho trabalhado mais de dezoito horas por dia preparando os congelados para o casamento, pois eu tinha certeza de que ele iria se realizar. Mas já ouvi dizer que vão contratar um bufe da capital. Mas vou avisando de que não vou permitir que usem minha cozinha. Se quiserem, vão usar a do alojamento.
— Mas, que história é essa? — Beatriz quis saber, voltando-se para Júlia.
— Bem, querida, não tive a intenção de magoar Inezita, mas é que ela não tem prática em fazer festas para tantos convidados. Além disso, o bufê que estou contratando é excelente; tão bom quanto um de Nova York.
— Mamãe, vamos esclarecer uma coisa: nós não queremos festa para muitos convidados, nem serviço sofisticado. Os serviços de Inezita são mais do que suficientes. Além disso, não temos muito tempo para os preparativos. — E, lançando um olhar cúmplice para Armando, anunciou: — Já combinamos tudo: de sábado a duas semanas, o reverendo Turner virá celebrar nosso casamento às oito da manhã.
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